Curso de criação de acessórios e souvenir desenvolve o empreendedorismo criativo dos artesãos
Quando a professora Lene Rivas chegou ao bairro do Icuí, há 20 anos, dividia seu tempo entre cuidar dos quatro filhos, ensinar voluntariamente as crianças da vizinhança e fazer pequenos artesanatos que vendia nas ruas, aos finais de semana. Durante a pandemia, os pequenos trabalhos manuais voltaram a ser executados para complementar a renda da família. Nesta semana começou uma nova oportunidade de geração de renda, através do curso de confecção de acessórios e souvenir, realizado pelo Governo do Estado via Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (SEDEME) e Programa Territórios pela Paz, em parceria com a Universidade do Estado do Pará. "Quando veio o TerPaz para o bairro do Icuí, veio trazendo vários cursos, todos eu me inscrevia, foi quando chegou esse de 'joias', foi uma oportunidade pra eu aprimorar meu conhecimento, pra fazer uma peça melhor, mais adequada, pra eu ter um ganho maior ainda. O meu público é mais infantil, mas se eu aprimorar o que eu vou aprender aqui,eu posso ter um público mais diferenciado e ganhar um dinheiro a mais, é uma forma de expandir o meu trabalho dentro da minha comunidade", afirma.
Nessa primeira etapa do curso, que vai até o próximo dia 22, participam 15 mulheres. As aulas ministradas pela professora Rosângela Gouvêa Pinto,da UEPA, são realizadas no Espaço São José Liberto, onde já existe um trabalho de capacitações em prol do desenvolvimento da cadeia produtiva de gemas e jóias, contribuindo na verticalização do setor mineral dentro do Estado. A professora explica que, no curso de criação, elas vão aprender conceitos que auxiliarão na conquista de um mercado maior, porque vai atingir um público maior, com determinados gostos e estilos. "O Governo do Estado, promovendo esses cursos dentro dos próprios espaços do governo que trabalham com as atividades que os cursos se propõe, estimula muito mais as pessoas a pensarem em fazer o curso e atuar no próprio espaço ou em espaços alternativos. É importante que elas estejam aqui porque todas têm muito interesse de crescer, tem gente que já faz e quer se aprimorar, assim como pessoas que querem começar a trabalhar, se auto sustentar, se tornar autônomas", explica Rosângela.
"O grande desafio é conciliar os saberes manuais que algumas dessas mulheres já detêm com o desenvolvimento de um projeto, é um desafio pedagógico que com a contribuição da UEPA nós superaremos. Muitas já fazem esse trabalho de fiação para pequenos colares, pequenas pulseiras, terços, existe já um saber do cotidiano delas e o desafio vai ser pensar nesse produto enquanto projeto. O importante nessa oportunidade que o governo do Estado, por meio da Sedeme e do Projeto TerPaz está proporcionando pra esse grupo de mulheres, é mostrar que o empreendedorismo criativo está em expansão na nossa cidade, no nosso estado, e que o governo está investindo em capacitação, gerando novas possibilidades", comemora a diretora executiva presidente do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia, Rosa Neves.
A criação de acessórios e souvenirs é ação muito importante na cadeia produtiva de artesanato, incluindo a joalheira e biojoias e foi frequentando o Espaço São José Liberto onde esses produtos estão permanentemente expostos que Priscila Corrêa, casada, dois filhos, viu nascer o interesse por um mercado onde ela nunca se aventurou, mas tem certeza que quer explorar para ter novas oportunidades. Aos 34 anos, a atendente desempregada quer fazer parte do mercado de produção de joias. "Eu já vim aqui várias vezes em exposições, eu acho muito bonito o trabalho dessas pessoas e tenho curiosidade de aprender como se faz para entrar no mercado. Como o TerPaz trouxe esse curso é melhor ainda, porque normalmente são cursos caros e como a gente não tem condições eles estão ajudando.Eu imagino poder tá trabalhando nesse mercado de fazer joias, ter mais conhecimento de onde encontrar a matéria prima, poder fazer outros cursos para aprimorar até chegar na fabricação", almeja a jurunense.
Para Delma Braga, coordenadora de Território, do TerPaz, poder reunir mulheres empreendedoras vindas de todos os territórios é gratificante. "Elas vêm se capacitar para empreender e serem multiplicadoras dentro dos seus próprios territórios e isso significa uma renda maior pra cada uma. A partir dessa capacitação a gente já tem outras parcerias como o Banpará e com a Universidade Federal do Pará, através do 'Ela Pode', onde vão aprender como montar seu pequeno negócio e vender os produtos que apreenderam a fazer aqui no curso”.
Segundo Márcio Alfredo, coordenador do programa Ter Paz na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, um segundo curso será realizado no final do mês de outubro voltado para o empreendedorismo. “Estamos planejando um curso que ajude os artesãos a precificar os seus produtos para comercialização. Vamos anunciar novidades em breve”, reforça o coordenador do Ter Paz.
Fotos: Júlio Santos