No dia em que Alenquer, no Oeste do Pará, completa 141 anos de fundação, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) e a Companhia Têxtil de Castanhal (CTC), reuniram produtores locais e representantes do segmento produtivo para apresentar o projeto que pretende retomar o cultivo de malva e juta no município, que é considerado o berço desse cultivo no Brasil devido ao seu solo fértil e condições climáticas favoráveis.
No passado, o cultivo já chegou a render mais de 8 mil toneladas de juta e malva em Alenquer, contrastando com o fornecimento de apenas 20 toneladas registrados nos últimos três anos. Atualmente, para garantir a matéria-prima necessária para a sua produção, a CTC precisa comprar juta e malva de Bangladesh, na Ásia, investindo mais de R$40 milhões nas transações. Apesar disso, Alenquer continua sendo o principal fornecedor de juta no país.
Para reativar o cultivo em larga escala no município, a CTC desenvolve um projeto de agricultura, que já conta com investimentos de cerca de R$300 mil, e que, inicialmente, consiste na formação de 16 hectares de área plantada para sementes de juta e outros 40 hectares de área plantada para semente de malva no Oeste do Pará. Com isso, o objetivo da empresa é tornar o Estado autossuficiente nessa produção, tornando possível que a compra de toda a matéria ocorra internamente, fortalecendo a agricultura familiar.
“A proposta da empresa é retomar essa produção em larga escala aqui em Alenquer por meio de um projeto que vai oferecer apoio, assistência técnica e maquinários adequados para a otimização dessa produção, com tecnologia. A nossa proposta é pagar R$25 pelo kg de malva e juta aos produtores locais, investindo, além disso, a empresa investirá em equipamentos para triturar o talo e fazer a separação da parte fibrosa, reduzindo o tempo desse processo. Contaremos com o apoio de diversos parceiros nesse projeto, entre eles o Banpará e a Emater, que já vai desenvolver o plano da juta e malva da região para 2023”, explicou Robson Torres, gerente industrial da CTC.
O projeto prevê, ainda, o desenvolvimento de um aplicativo para facilitar a comunicação entre o produtor, própria empresa e a Emater, que fará assistência técnica, permitindo o cadastro e monitoramento de todos os produtores participantes do projeto.
Parceria
Mauro Barbalho, Diretor de Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços da Sedeme, destacou que a parceria entre o Estado e a CTC é fundamental para o sucesso da iniciativa. “Nossa presença aqui só é possível graças ao trabalho em parceria que vem sendo realizado desde 2019. Aqui, queremos resgatar a cultura da malva e da juta na região Oeste, despontando à frente do Amazonas, fortalecendo a agricultura familiar e proporcionando mais desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda ao Pará”, afirmou.
Ademar da Silva, que trabalha com o cultivo de semente de juta há 20 anos na comunidade Bela Vista, em Alenquer, enxerga uma oportunidade de crescimento e ampliação da sua atividade. “Senti firmeza no que foi dito aqui. Nós, que trabalhamos com juta há muitos anos, já vimos outras iniciativas como esta, mas agora estamos confiantes de que desta vez dará certo. Aqui, o que é importante para nós é a quantidade, para termos um rendimento maior. Eu, por exemplo, nunca trabalhei com malva, mas por meio desse projeto essa pode ser uma oportunidade”, disse o agricultor.
Financiamento
Na programação, a linha de crédito rural customizada para o programa Territórios Sustentáveis chamada de ‘Banpará Bio’ foi apresentada aos produtores locais como uma possibilidade de incentivo à ao cultivo de malva e juta em Alenquer. Criada a partir da necessidade de fomento aos produtores rurais do Estado, o financiamento permite financiamentos no valor de até R$ 100 mil, com o prazo de pagamento máximo de 12 anos e carência de até 48 meses.
Visita técnica
Como parte da agenda na região, após visitar o município de Óbidos, a equipe formada pela CTC, Sedeme e Emater visitou o ramal do Cuamba, na comunidade Polidório, em Alenquer. Lá, a equipe viu de perto uma área de cerca de 3 hectares de plantação de sementes de juta, cultivada há mais de 20 anos.
A plantação de sementes de juta e malva se diferencia da plantação para a extração da fibra natural que dá origem à gama de produtos da Companhia Têxtil de Castanhal, como gesso na construção civil, chapelaria, decoração, artesanato, curtumes e proteção de pisos e taludes, embalagens entre outros, existindo, portanto, plantações apenas para o cultivo das sementes, destinadas à manutenção das plantações, e plantações para a extração da fibra.
O evento desta sexta-feira contou com a participação de representantes da Secretaria Regional de Governo do Oeste do Pará, Banco do Estado do Pará (Banpará), Prefeitura Municipal de Alenquer, Sindicato dos Produtores Rurais, entre outras entidades, que darão prosseguimento às tratativas com o objetivo de implantar o projeto na região.
Por Igor Nascimento (SEDEME)