O Liceu Mestre José Raimundo capacitará alunos de escolas públicas em confecção de joias com gemas minerais, metais e matéria prima da floresta amazônica
A história e o legado da arte de produzir joias são características marcantes do município de Abaetetuba, na região do Baixo Tocantins. Para manter e valorizar essa arte, foi inaugurado na quarta-feira (24) um novo estabelecimento de ensino secundário: o Liceu de Artes e Ofícios Mestre José Raimundo. O Instituto, que não tem fins lucrativos, vai capacitar alunos de escolas públicas, por meio da atividade de ourivesaria, com fibras, sementes, madeira e outros materiais oriundos da floresta e dos rios, em parceria com instituições públicas e privadas, de forma inovadora, com qualidade e desenvolvimento humano.
O casal José Raimundo e Maria Paixão se dedica há mais de 50 anos ao ofício de confecção de joias, que já foram expostas em diversos países, como Itália e Martinica. Agora, o objetivo é manter Abaetetuba como destaque na produção e verticalização do ouro e gemas no Estado, além de formar ourives. "Abaetetuba já tem uma demanda muito grande de ourives. Nós recebemos gente todo dia de Muaná, Igarapé-Miri, Tailândia, Cametá, Barcarena, Moju. Essas pessoas vêm em busca de um trabalho de qualidade e, graças a Deus, a gente tem correspondido a essa expectativa de nossos clientes. Isso, pra mim, é um momento de grande contentamento”, afirmou José Raimundo.
Representantes da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), por meio das diretorias de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (Digem) e de Concessões (DCON), estiveram na entrega do Liceu.
De acordo com a titular da Digem, Poliana Gualberto, um estado como o Pará, rico em gemas e minério, necessita de um espaço de formação de mão de obra qualificada. “Considerando que Abaetetuba, pelo histórico de fabricação de joias, é um paralelo ao histórico do próprio Pará na confecção de joias, através do mestre José Raimundo. Então, quando você pega mais de 50 anos de trabalho, de arte na confecção de joias, de tal forma que isso pode ser passado para as gerações futuras, você tem um potencial de melhor qualificar o design das joias paraense, a qualidade das joias, para o mercado local, nacional e externo”, avaliou a gestora.
Emprego e renda - Segundo o secretário adjunto da Sedeme, Carlos Ledo, o Instituto vai beneficiar a geração de empregos e o desenvolvimento econômico do município. “A criação do Liceu vai fomentar ainda mais a ourivesaria no Pará, trazendo mais desenvolvimento para o Estado e possibilitando que os jovens entrem nesse ramo. Além disso, essa iniciativa permite que jovens em situação de vulnerabilidade social saiam das ruas e melhorem sua situação, garantindo emprego e melhorando sua renda. Dessa forma, trabalhamos para que Abaetetuba se desenvolva”, reiterou o secretário adjunto.
Para os próximos meses, a expectativa é que seja assinado um acordo de cooperação técnica entre o governo do Estado, por meio de Sedeme, e o Liceu. O processo já está em andamento com a organização da documentação, preparação do acordo e do plano de trabalho, que envolverá um ciclo de capacitações e promoção dos produtos de ouro e gemas.A secretária adjunta de Gestão Administrativa da Sedeme, Anadelia Santos, destacou a necessidade de estabelecer parcerias com entidades que possuem vocação para o desenvolvimento econômico e a mineração. “Essa ação do Liceu é extremamente importante para que a gente também possa exercer a vocação da própria Secretaria. Eles buscam preparar novos profissionais e desenvolvê-los e, com isso, aumentam a renda, ampliam o mercado de minério, e, consequentemente, nos ajudam. Esse tipo de ação é de suma importância. É por isso que a gente faz essa parceria com entes privados, para desenvolver, de forma mais ampla, a economia”, destacou.