A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), em parceria com o Instituto Liceu de Artes e Ofício “Mestre José Raimundo”, Sindicato das Indústrias Minerais do Estado (Simineral) e Prefeitura de Abaetetuba, promoveu, nos dias 29 e 30 de junho de 2022, um Curso Básico de Biojoias, destinado a mulheres de cinco comunidades quilombolas que, a partir de agora, serão multiplicadoras das técnicas aprendidas.
O objetivo do curso, que integra as ações previstas em um termo de cooperação celebrado entre a Sedeme e o Instituto Liceu, é agregar valor às biojoias produzidas na região, com o incremento da matéria-prima mineral do estado, como a prata e algumas gemas.
Realizado de forma presencial, o curso ofereceu 10 vagas, que foram preenchidas a partir de visitas técnicas às comunidades de forma gratuita. A programação conta com um nivelamento inicial, dinâmicas, avaliação de produtos, estímulo à criatividade e atividades práticas.
Beatriz Oliveira, coordenadora de Gemas e Metais Preciosos da Sedeme explicou os objetivos da iniciativa. “A promoção dessa capacitação é importante porque visa a inserção de mulheres no mercado, através da confecção de biojoias. Àquelas que têm algum trabalho, essa nova matriz econômica proporciona mais autonomia financeira e social, para várias mulheres que são mães de família e, de maneira especial, às que são mães solteiras. Do ponto de vista de mercado, a agregação de valor e da integração de matérias primas amazônicas, aliado ao design de peças inéditas no município de Abaetetuba, é de grande valor, uma vez que o Pará é extremamente rico e diverso em minérios e biodiversidade. Uma das ideias que foram colocadas em prática foi a utilização de gemas de quartzo, citrino, ametistas de municípios mineradores, como Marabá e de Pau D'Arco. Assim, espera-se alcançar um belo resultado que une desenvolvimento econômico, mineração, inclusão social e sustentabilidade”, disse.
O evento contou com a presença da prefeita de Abaetetuba, Francienti Carvalho, que destacou o apoio da gestão municipal a iniciativas de valorização da cultura abaetetubense e inclusão das mulheres, ressaltando os compromissos assumidos a partir da assinatura de acordos internacionais com foco nos objetivos de desenvolvimento sustentável. A prefeita acompanhou a formação das mulheres, e desejou sucesso nas criações do curso.
Francisca Cardoso, 42 anos, moradora da Comunidade Caeté, disse que o processo de produção de biojoias até então não se destinava a fins comerciais e que a utilização de minerais agrega valor às peças produzidas. “Nós não produzíamos biojoias para comercialização, somente duas moradoras aqui da comunidade mas por hobby, pois este é o meu primeiro contato com as biojoias e essa capacitação aumenta o valor agregado das peças, que geram renda para a minha família e para as demais mulheres que estão na comunidade. Essa é uma grande oportunidade de visibilidade e uma forma de ajuda, já que não se tem condições de financiar essas capacitações para trabalharmos e ter como sustentar nossas famílias”
Suelem Gomes, da comunidade Nossa Senhora do Carmo, de 33 anos, disse que sempre teve curiosidade por artesanato, começando pela com raízes coletadas na própria comunidade e continuando com produtos pet. “O Senar do município levou a capacitação e expandiu para sementes, e daí continuou desenvolvendo técnicas e materiais. As biojoias foram a porta de entrada para a criatividade, mas uma das maiores dificuldades é a compra de materiais. Eu achei a capacitação super interessante, um ótimo casamento, pois enriqueceu mais o trabalho, agregando valor ao que fazemos à nossa mão de obra também, porque as biojoias representam pra mim metade da minha renda", declarou.
Suelem complementa contando que, como artesã, participa de feiras de produtores em Abaetetuba e também comercializa por meios de comunicação como o WhatsApp, que representa um volume maior de vendas. Os clientes se dividem entre pessoas da comunidade e da cidade. “Essa parceria é fundamental, já que união com a Prefeitura Municipal significa que estão apostando na mão-de-obra local, para uma comunidade que tem talento, principalmente empoderadas, que têm grande força de vontade, e está agradecida pela capacitação e por ter apresentado essa nova proposta”, disse.
Por Igor Nascimento (SEDEME)